05 de dezembro de 2007
Pesquisa internacional coloca o país em 54º no ensino dos números e em 50º nas letras. DF é o mais bem colocado no ranking nacional
Por: Hércules Barros e Rodrigo Craveiro
Correio Braziliense
Compreensão de leitura, matemática e ciências não são pontos fortes dos estudantes brasileiros de 15 anos. É o que atesta o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O documento aponta Taiwan (549 pontos), Finlândia (548), Hong Kong e Coréia do Sul (547) com as melhores performances em matemática. Nesse quesito, o Brasil ficou em 54º, com 370 pontos, à frente de Tunísia, Catar e Cazaquistão.
Na categoria leitura, Coréia do Sul (556 pontos), Finlândia (547) e Hong Kong (536) lideram a lista. Com uma média de 393 pontos, o Brasil ficou em 50º lugar e conseguiu superar apenas Montenegro, Colômbia, Tunísia, Argentina, Azerbaijão, Catar e Cazaquistão. Na quinta-feira passada, o Pisa revelou que o Brasil é apenas o 52º no ensino de ciências, com 390 pontos.
Claire Shewbridge, analista da OCDE, afirmou ao Correio que o Brasil ficou bem abaixo da média dos países da OCDE nos dois testes: 492 em leitura e 498 em matemática. A média mundial é de 488 em matemática, 492 em leitura e 500 em ciências. “O Brasil mostrou performance similar à de estudantes argentinos (374 pontos)”, lembrou. “O Chile tem o melhor aproveitamento da América do Sul na avaliação geral.” De acordo com a britânica, os 10% melhores alunos brasileiros ficaram acima da média no teste de ciências, com mais de 510 pontos. Mas os 10% piores marcaram menos de 282. “O Pisa é útil para os países compararem seu sistema educacional. Ele lhes permite ver como muitos alunos correm o risco de ficar para trás”, disse Claire.
Pela primeira vez os dados do Pisa foram divulgados por estado. As provas foram aplicadas em agosto de 2006, em 625 escolas de 390 municípios. Desde 2003, o Brasil apresentou ligeiro avanço em matemática. Saiu de 356 para 370 pontos, mas caiu 10 pontos em leitura, de 403 para 393. Otimista, o ministro da Educação, Fernando Haddad, acredita que o resultado negativo vai permitir a melhora na atuação do MEC. “Em um país como o Brasil fica difícil para o gestor público, que tem diante de si cerca de 200 mil escolas, atuar”, avaliou. A solução só deve ocorrer a longo prazo, a exemplo de países como Chile e Irlanda, que colheram os frutos dos investimentos em educação em 15 e 30 anos, respectivamente. “Embora o Chile não esteja na média da OCDE, é a prova de que o investimento tem retorno.”
Regiões
O resultado por região colocou o Nordeste nos índices mais baixos, enquanto o Sul teve o melhor desempenho. O Centro-Oeste ficou em segundo lugar em matemática e ciências e o Sudeste se destacou em leitura. Apesar do quadro regional ficar dentro do esperado, os indicadores do Pisa para a qualidade da educação no país surpreenderam o MEC. O ministério esperava que São Paulo, onde o investimento por aluno é até três vezes maior que em estados do Norte e do Nordeste, puxasse os resultados do Brasil para cima, o que não ocorreu. O estado apresentou um desempenho fraco. Abaixo da média do país em ciências (385) e leitura (392) e com a mesma média nacional em matemática (370).
Na contramão, o Sergipe teve 385 pontos em matemática — 15 a mais que a média nacional. “Paraíba (395) e Sergipe (408) ficaram acima da média nacional em leitura (393)”, acrescenta Haddad. Santa Catarina e Distrito Federal foram os destaques. O DF lidera em ciências, com 447 pontos, 57 acima da média nacional, e em matemática, com 431 pontos, 61 acima da média. Com 431 pontos, Santa Catarina foi o mais bem colocado em leitura. Para melhorar a imagem da educação no cenário externo, Haddad e o ministro extraordinário do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, anteciparam algumas medidas do governo.
As iniciativas interministeriais têm três alvos: cuidar do elo fraco do sistema educacional, o ensino médio; usar a rede de ensino para mudar o método pedagógico da educação pública; e criar um modelo de ensino técnico. A segunda portaria prevê a união dos poderes em favor da educação para acabar coma as desigualdades.
Brasileiros no fim da lista
400 mil
é o número de estudantes de 57 países avaliados pela pesquisa Pisa, da OCDE
54ª
é a colocação do Brasil em conhecimentos de matemática. O país obteve 370 pontos
50ª
é a posição do país em leitura, com 393 pontos, 10 a menos do que em 2003
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