Eles exigem silêncio e concentração, e em muitos a sorte é o que menos conta – as principais armas são o raciocínio e por vezes um senso quase militar de estratégia. A maioria veio do Oriente – Índia, Japão, China – e se espalhou pelo mundo em meio à expansão de impérios ou viagens desbravadoras. Hoje, os jogos estratégicos (veja a história e a descrição de alguns deles na página ao lado) são considerados muito mais do que meros passatempos, e trazem consigo história e cultura. E justamente por isso são os mais novos aliados dos professores no ensino de diversas disciplinas a jovens e crianças. “A brincadeira e o jogo desempenham funções psicossociais, afetivas e intelectuais básicas no processo de desenvolvimento infantil”, explica a educadora Regina Célia Grando em seu livro O Jogo e a Matemática no Contexto da Sala de Aula (Editora Paulus, 2004). “O jogo apresenta-se com uma atividade dinâmica que vem satisfazer uma necessidade da criança, dentre outras, de ‘movimento’, ação.”
Os jogos – tanto os de tabuleiro quanto outros como o dominó e alguns de cartas – podem ser parceiros da educação por permitirem um trabalho que vai além do ensino de suas táticas, uma vez que curiosidades históricas e geográficas se escondem por trás de sua origem e evolução. Segundo a também educadora Maria da Glória Lopes ensina em seu livro Jogos na Educação – Criar, Fazer, Jogar (Cortez Editora, 1998) do ponto de vista pedagógico, o xadrez, por exemplo, desenvolve a capacidade de atenção e concentração, introduz a idéia de planejamento – uma vez que cada jogada deve ser muito bem pensada – e à dinâmica da antecipação, pois é “necessário que o jogador antecipe mentalmente a sua jogada e de seu parceiro”, escreve. Já o jogo de damas exercita a memória, coloca a criança em contato com regras e limites, trabalha a ansiedade e treina o controle emocional diante da vitória ou da derrota.
Jogos no Sesc
Tendo em vista o potencial desses jogos, o Sesc São Paulo, seguindo sua filosofia de atuação no âmbito da educação informal, trabalha com o ensino e a difusão de vários deles, com o objetivo de provocar a curiosidade, estimular a prática e a construção de novos conhecimentos. “A divulgação da existência e o incentivo à prática dos jogos estratégicos, de ação, de aventura, lógicos e outros, são parte das ações socioculturais do Sesc”, esclarece João Gambini, técnico da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo (GDFE) do Sesc. “Ao participar dessas ações, crianças, jovens e adultos envolvem-se num processo permanente de aprendizado que requer do participante a adesão pessoal e conhecimentos e desse aprendizado surgem novas habilidades.” Entre as unidades que promovem esse tipo de atividade, o Sesc Itaquera mantém um trabalho que, desde 2002, tem aliado o caráter lúdico dos jogos com seu valor educativo. Tudo começou com o programa Mundo Mágico do Xadrez, que, entre suas atividades, contava com uma exposição de peças de países e épocas diferentes – evento que também circulou por outras unidades, como Pompéia, Bauru, Ribeirão Preto e Sorocaba. No entanto, a partir de outubro de
No mês de agosto, a unidade realiza o Festival dos Jogos Estratégicos e em setembro acontecerá o 2º Festival de Xadrez para Escolas Particulares. De
Volta ao mundo - Conheça a origem e os objetivos de alguns do
s mais conhecidos jogos de tabuleiro
Xadrez – Índia
Go – Japão
Adaptação de um jogo chinês chamado wei-ki, o go chegou ao Japão como um presente entre cortes em 754 d.C. Inicialmente, foi praticado pelos nobres com o nome de igo, e seus mestres gozavam de grande prestígio, chegando a merecer favores especiais dos governantes. A partida se dá num tabuleiro quadrado com 361 pontos de intersecção. Um jogador recebe
Ludo – Índia/Inglaterra
Versão ocidental e popular de um jogo chamado pachisi, surgido na Índia no século 5, mesma época do xadrez. Batizado na Inglaterra do final do século 19 com o nome que conhecemos, o ludo pode ser jogado por duas, três ou quatro pessoas – neste caso é possível formar duplas – num tabuleiro quadrado com um percurso em forma de cruz. Cada jogador movimenta seu peão por um número de casas definido pelos dados. O vencedor é o primeiro a alcançar o ponto de chegada no lado oposto do tabuleiro.
Gamão – Mesopotâmia
O gamão é tido por alguns de seus mestres e admiradores como o rei dos jogos, tendo sido o preferido tanto dos imperadores romanos quanto dos czares russos. O tabuleiro de gamão contém 24 triângulos longos e finos – as casas – e é dividido em duas metades. A da direita é chamada de seção interna e da esquerda de seção externa. Ganha quem movimentar todas as suas peças de modo a colocá-las nas casas de sua seção interna para então retirá-las do tabuleiro.
Criado na Europa no século 12, o jogo tem seu tabuleiro idêntico ao do xadrez. Como acontece em outros casos, passou por diversas mudanças e adaptações ao longo dos séculos até ganhar a cara que tem hoje, definida pelos franceses por volta de 1730. As jogadas são alternadas, move-se uma peça por vez. Somente as casas pretas são usadas e não é permitido recuar peças. O objetivo é capturar – ou “comer”, como se diz – todas as peças do adversário.
Podemos adaptar esses jogos contextualizando com o conteúdo da disciplina matemática
Disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=222&Artigo_ID=3458&IDCategoria=3757&Reftype=2
Acesso em 18/05/2008
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